quarta-feira, 27 de abril de 2016

Meu filho precisa mesmo usar espaçador?

Sim, precisa! No post de hoje vamos explicar não só a importância do uso do espaçador, mas também a maneira correta de utilizá-lo.
É muito comum que os pais recebam receita do aerolin ou de outro medicamento em spray e não saibam como aplicar corretamente. Vamos começar entendendo para que serve, afinal, o tal espaçador. Ele organiza o fluxo das partículas com tamanho adequado para que estas cheguem em maior quantidade até o pulmão, além de reter as partículas maiores que não conseguiriam atingir o pulmão. Dessa forma, o espaçador serve como uma espécie de mira que direciona o medicamento para o local adequado. Quando nossos filhos utilizam o spray sem o espaçador, grande parte da medicação fica na via aérea superior (boca e garganta) o que diminui, consideravelmente, a eficácia do remédio. Muitas vezes, pensamos que o medicamento não está fazendo efeito, quando, na verdade, ele não está sequer chegando na dose adequada até seu órgão alvo (o pulmão). Portanto, é imprescindível o uso de espaçador sempre que se for administrar qualquer medicação em forma de spray (“bombinha”). Talvez reste a dúvida: mas e até que idade meu filho vai usar espaçador? Enquanto utilizar spray, irá utilizar espaçador, independente da idade. Muito adultos têm vergonha ou preguiça de utilizar o espaçador, mas todos deviriam usá-lo.
Como usar corretamente o espaçador? Nesta parte, vamos dividir a técnica de inalação de acordo com a idade da criança. Essas idades são variáveis, dependendo da coordenação motora de cada criança e deve ser avaliada com a família junto ao seu pneumologista pediátrico. Lembre-se de levar o espaçador junto à consulta para que seu médico possa avaliar a técnica de inalação que está sendo realizada.

0-4 anos: ESPAÇADOR COM MÁSCARA
Agitar o spray, encaixar o spray no espaçador com máscara, encaixar a máscara no rosto do bebê, cobrindo nariz e boca. Disparar um jato, aguardar 10 segundos com o bebê respirando dentro da máscara. Para mais jatos repetir todo o processo.
Dicas: sem chupeta, bebê sem chorar, sentado ou de pé.
Assista ao vídeo com a demonstração: Uso do espaçador crianças pequenas

4-6 anos: ESPAÇADOR SEM MÁSCARA SEM PAUSA NA RESPIRAÇÃO
Agitar o spray, encaixar no espaçador, pedir para a criança colocar a boca no bocal, fechando bem os lábios, respirar 3 vezes profundamente e devagar. Para mais jatos repetir todo o processo.

Maiores de 6 anos:  ESPAÇADOR SEM MÁSCARA COM PAUSA NA RESPIRAÇÃO
Agitar o spray, encaixar no espaçador, pedir para a criança expirar (soltar todo o ar), colocar a boca no bocal, fechando bem os lábios, disparar um jato e fazer uma inspiração profunda (puxar o ar), trancando a respiração por 10 segundos. Para mais jatos repetir todo o processo.
Assita ao vídeo com a demonstraçãoUso do espaçador crianças grandes

Agora você já sabe para que serve o espaçador e a maneira adequada de utilizá-lo. Lembre-se de leva-lo junto com os pertences de seu filho sempre que for sair de casa! Assim como você leva uma fralda extra a todo lugar, deve levar também o espaçador e o spray para eventual necessidade.


Ficou com alguma dúvida ou gostaria de compartilhar sua experiência? Deixe um comentário para nós!

terça-feira, 12 de abril de 2016

As "bombinhas" são todas iguais?

Quando pensamos em "bombinha" para asma, a primeira que nos vem à cabeça é o salbutamol (aerolin®), aquela usada durante as crises de asma, não é mesmo? O que muitas pessoas não sabem é que este não é o único tipo de spray ("bombinha") para asma que existe. Hoje contamos com importante variedade de sprays utilizados para prevenir crise de asma. Neste post vamos falar um pouco sobre eles.
Você conhece algum asmático que anda com seu spray de salbutamol para todo o lado e o utiliza a toda hora? Esta pessoa ou está em crise ou está com sua asma não controlada, necessitando de uma avaliação médica para indicar medicação preventiva.
Os remédios utilizados para prevenção de crise de asma são também chamados de profiláticos. Se você ouvir essa palavra não se assuste. Profilaxia = prevenção, simples assim. Então vamos a eles!

CORTICOIDE INALATÓRIO. Podemos dizer que essa classe de medicamento é o "carro-chefe" do tratamento da asma. Ele atua diminuindo a inflamação que está presente nos brônquios dos asmáticos, prevenindo, dessa forma, tanto a ocorrência de crise como de sintomas entre uma crise e outra. Além disso, essa medicação também desempenha importante papel em prevenir o remodelamento pulmonar, que é a reorganização que o pulmão dos asmáticos pode sofrer caso eles permaneçam por longos períodos sem tratamento adequado. Existem diversos medicamentos que pertencem a esta classe. Dentre os mais utilizados em nosso meio podemos citar: fluticasona, beclometasona, mometasona, budesonida, ciclesonida. A escolha de qual medicamento utilizar deve ser feita em conjunto com o pneumologista pediátrico e a família da criança.

BRONCODILATADOR DE LONGA DURAÇÃO. Essa classe de medicação atua mantendo os brônquios abertos, como se fosse um salbutamol de longa duração. Apresenta papel excelente no controle dos sintomas aos esforços (tosse, falta de ar), além de auxiliar a prevenir crise de asma e diminuir tosse noturna. Como este remédio não age na inflamação do pulmão, ele nunca deve ser utilizado sozinho, e sim, sempre associado ao corticoide inalatório. A maioria dos laboratórios já produz um dispositivo contendo os dois medicamentos no mesmo spray. Todo esse cuidado é realizado para evitar que ocorra de utilizarmos apenas medicação para manter os brônquios abertos sem controlar a sua inflamação - estaríamos deixando de tratar o principal "vilão" da asma.
Existem dois principais medicamentos desta classe: salmeterol e formoterol, ambos são utilizados usualmente duas vezes ao dia, pois seu tempo de ação no organismo é de em torno de 12 horas.

BRONCODILATADOR DE ULTRALONGA DURAÇÃO. Age de maneira semelhante aos broncodilatadores de longa duração. A diferença desta classe é a sua duração de 24 horas no organismo, possibilitando que seja utilizado apenas uma vez ao dia, o que facilita muito a adesão ao tratamento. Até o momento, temos disponível no Brasil o Vilanterol, que é liberado apenas a partir dos 12 anos. Esse medicamento não está disponível na forma de spray, e sim em outro dispositivo para inalação, que também é de fácil manuseio. Falaremos mais sobre dispositivos inalatórios em outro post, em breve. 

Existem outros tipos de tratamentos para asma além dos sprays que merecem um post só para eles. Fique ligado no Dicas Pneumologia Pediátrica!

Agora você já sabe que existe uma variedade enorme de sprays para o tratamento da asma, busque, junto ao seu pneumologista pediátrico, a melhor escolha para seu filho.

Ficou com alguma dúvida? Deixa um comentário para nós. 

domingo, 3 de abril de 2016

Vacina Influenza

Segundo os dados do Ministério da Saúde, o Brasil já apresenta elevação no número de casos de pessoas infectadas pelo Influenza H1N1. Este ano, no estado do RS, já foram registrados dois óbitos em pacientes com infecção por H1N1 confirmada. Por esses motivos, está havendo mobilização para antecipar a campanha de vacinação contra a gripe, que estava programada para começar apenas em 30 de abril. Os primeiros lotes com as vacinas serão liberados para distribuição para os estados na próxima segunda-feira (04/04/16). A nova data de início da campanha ainda não está confirmada.
Por que a vacina sempre demora para ser disponibilizada? Porque ela é modificada todos os anos, contendo as principais cepas de Influenza (além do H1N1) que circularam no inverno no Hemisfério Norte, mantendo, dessa forma, a vacina atualizada em relação às mutações que o vírus vem sofrendo.
 Inicialmente serão vacinados os grupos de risco: 
ü  Crianças de 6 meses a menores de 5 anos
ü  Gestantes
ü  Mães até 45 dias após o parto
ü  Trabalhadores de saúde
ü  População indígena
ü  Indivíduos com 60 anos ou mais de idade
ü  População privada de liberdade e funcionários do sistema prisional
üPortadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas
especiais: doenças respiratórias crônicasdoenças cardíacas crônicas, doença renal crônica,
doença hepática crônica (do fígado), doença neurológica crônica, diabetes, imunossupressão
(defeitos da imunidade), obesos, transplantados, portadores de trissomias (ex Síndrome de
Down).
A vacina é contraindicada para pessoas com história de reação anafilática prévia em doses anteriores, assim como a qualquer componente da vacina ou alergia grave relacionada a ovo de galinha e seus derivados

Quando devo esperar para vacinar meu filho? Devemos evitar vacinar crianças que estejam com febre ou doença aguda (pneumonia, infecção intestinal, etc). Assim que ocorrer a resolução da doença aguda a vacina deve ser aplicada.

Quantas doses meu filho deve receber? Nas crianças com idade inferior a 9 anos, a vacina deve ser feita em duas doses com 30 dias ou mais de intervalo entre as doses no primeiro ano, com recomendação de dose única nos reforços posteriores. Nos demais a vacina é feita em dose única. 

Por que não vacinar menores de 6 meses? O sistema imunológico (de defesa) dos bebês menores de 6 meses é ainda muito imaturo, incapaz de desenvolver a imunidade com a realização da vacina (a vacina "não pega" em crianças com essa idade), por isso não é realizada. A orientação é que as mães desses bebês façam a vacina e amamentem seus filhos, mantendo-os protegidos dessa maneira. 

No mesmo dia meu filho já estará protegido contra o Influenza? Não, a proteção costuma ocorrer em 2 a 3 semanas após a realização da vacina, com duração de 6 a 12 meses.

Existe um risco de meu filho fazer a vacina e contrair gripe devido à vacina, certo? Errado! A vacina da gripe é feita de vírus inativado (vírus morto), sendo incapaz de desencadear gripe após a vacina. O que acontece é que a vacina é oferecida justamente no momento do ano em que está havendo aumento de incidência de gripe na região, então a chance de o indivíduo contrair gripe é maior do que nos meses anteriores, podendo ocorrer a coincidência de pegar a gripe justamente no mesmo período em que realizou a vacina. Também devemos lembrar que a vacina protege apenas contra o Influenza (e apenas as cepas presentes na vacina daquele ano). Existem diversos outros subtipos de Influenza não incluídos na vacina. Além disso, a vacina não oferece proteção alguma contra outros vírus respiratórios também causadores de sintomas respiratórios, aqueles que responsáveis pelos resfriados.

E quais são, então, os efeitos que a vacina da gripe pode causar?
 Efeitos locais como dor no local da injeção, vermelhidão e enduração ocorrem em 15 a 20% dos casos, costumam ser autolimitados (curam espontaneamente), geralmente resolvendo em 48 horas. Sintomas como febre, mal-estar e dor no corpo são também autolimitados, podendo iniciar de 6 a 12 horas após a vacinação e persistir por até dois dias, ocorrendo em menos de 1% dos vacinados.

A vacina da rede pública é igual à da rede privada? Infelizmente não! A da rede pública (disponível  nos postos de saúde) é composta por 2 subtipos (cepas) de influenza A (H1N1 e mais um que muda a cada ano) + um subtipo de Influenza B. Já a da rede privada contém ainda mais um subtipo de Influenza B, totalizando 4 cepas de Influenza. 

Essas são as principais atualizações sobre a vacina Influenza que todas as mamães devem saber. Em breve postaremos mais informações sobre o Influenza, fique conectada ao nosso blog!

Caso tenha ficado com dúvidas sobre a vacina influenza, deixe um comentário para nós!


sábado, 2 de abril de 2016

Tosse seca

Inúmeras crianças e adolescentes apresentam tosse seca. Quando pensamos em tosse seca a principal característica que devemos avaliar é há quanto tempo existe essa tosse e em que momentos ela aparece. Ela pode ser o primeiro (e as às vezes o único) sintoma de asma, fique atento! Sinais que nos levam a pensar que esta tosse pode ser um sintoma de asma são: piorar aos esforços (quando a criança brinca, se agita, corre), melhorar com uso da "bombinha" salbutamol, piorar à noite. Sempre que pensamos em asma, pensamos em chiado no peito, não é mesmo? Entretanto, é fundamental que as mamães saibam identificar a tosse também como um possível sintoma de asma.
Outra doença que causa tosse seca é a coqueluche. Mas coqueluche, doutora? Isso não é doença do passado? A resposta é não! A coqueluche está de volta. Ela causa caracteristicamente tosse seguida de guincho. Isso ocorre principalmente nos adultos e nas crianças mais velhas. Crianças menores e bebês podem manifestar apenas sintomas semelhantes a um resfriado, mas com tosse mais importante e de duranção prolongada, podendo chegar até a 3 meses de tosse. Bebês menores podem também apresentar cianose (ficar "roxinhos") durante as crises de tosse. Caso isso aconteça com seu filho, leve-o imediatamente a uma emergência pediátrica. Falaremos mais sobre coqueluche em outro post para que você saiba tudo sobre a doença.
Também devemos lembrar da tossse pós-resfriado ou pós-gripe. O que é isso? Os vírus respiratórios, que causam gripe e resfriado, são capazes de causar irritação na via aérea, além de desencadearem a produção de muita secreção. Esses dois fatores fazem com que a criança tussa. Inicialmente a tosse é produtiva ("encatarrada"), no início da virose, mas com o passar dos dias essa tosse vai se tornando seca e assim pode permanacer por até 3 semanas. Crianças não asmática podem ficar tossindo por longos períodos após um resfriado, contudo as asmáticas o fazem com frequência e duração ainda maior.
Tosse que só aparece durante o dia, desaparece completamente quando a criança está dormindo, piora em momentos de exposição pública e stress pode ser a chamada tosse psicogênica. Para fecharmos este diagnóstico, precisamos antes excluir todas as outras causas de tosse.
Problemas cardíacos (no coração) também podem se manifestar com tosse em alguns casos.
Tosse mais proeminente à noite + coriza e obstrução nasal podem ser sinais de rinite alérgica mal controlada. Caso seu filho apresente esses sintomas fique atento para observar se ele coça o nariz com frequência durante o dia, se apresenta crises de espirros, se fica com o nariz trancadinho ou se apresenta coriza clara frequentemente sem estar gripado.
É importante lembrar que aqui neste post estamos enumerando apenas algumas causas de tosses seca, aquelas mais frequêntes para auxiliar as mães a identificarem os sintomas.
Agora que você já sabe um pouco sobre tosse seca, fique atenta aos sintomas que seu filho apresenta e anote o que acontece e em que momentos para que sua consulta com seu pneumologista pediátrico seja ainda mais efetiva!

Se ficou com alguma dúvida, escreva para nós nos comentários!